Se você está disposto a abrir mão de pelo menos uma convicção, leia este texto.
O poeta é um trovador que acredita na força da palavra e confia no encanto da poesia. Quando resolve se pronunciar, o poeta pesca uma palavra no oceano daquelas que você ouve todo dia e a esta lhe faz escutar. Uma palavra-sentido. O verbo que se faz palavra e vem habitar entre nós.
Do meio do burburinho, o poeta recupera o sutil prazer do cotidiano. E o prazer determina a escolha do hiperlink, a construção do hipertexto de cada um. Assim, o texto passou a ser uma virtualidade, talvez mais real do que a biblioteca que habita sua estante: o poeta só existe quando alguém decide ler, a poesia só existe quando você, no nó da rede que lhe cabe, decide consumi-la, devorá-la, juntá-la aos outros tantos textos que ocupam sua vida.
Nessa multiplicidade de textos, esconde-se uma multidão de vozes, de palavras, de sintaxes, de possíveis entendimentos. Em ciberespaço de cegos, quem tem um link é rei. A poesia é o lugar-comum de uma nova nobreza, que, em seu vazio sentido de compreensão, une quem escuta e quem diz. A poesia está na leitura que se faz do mundo e de suas páginas. O poeta deixa de ser somente quem escreve a poesia. Mas, também, quem lê.