Conversava com uma amiga sobre a amizade. Trabalhamos em uma grande organização e falávamos sobre o extraordinário que é descobrir uma amizade no ambiente corporativo. O ambiente organizacinal não foi feito para cultivar amizades; no entanto, ela está lá, insistentemente nos convidando para lançar olhares brilhantes no cotidiano. Essa amiga é prova incontestável de que ela, a amizade, estava lá, extraordinariamente. Viver é mais interessante assim.
As artes também não foram feitas para a amizade. No entanto, ela também está lá, insiste em se fazer ouvida entre um aplauso e outro. Desde que empreendi o projeto Palavra, me deparei com muitos artistas, contribuindo de uma forma ou outra para o sucesso do emprrendimento. Muitos eu nunca mais vi. Outros, vejo com razoável frequência. Alguns, no entanto, fizeram acampamento no meu afeto, tornaram-se amigos.
Viver não é fácil não. E os amigos são esses entes que trazem colorido para os dias cinzas. Ou que pelo menos nos fazem companhia na contemplação do tempo fechado. Ambas, tarefas extraordinárias. São poucos os capazes de nos colorir um sorriso genuíno ou fazer companhia. É o extraordinário, quando acontece, que faz surgir esse elo que não precisa de explicação, é só desfrute.
Fazer arte também não é das tarefas mais fáceis. Nos dois anos de projeto, persisti pelo colorido e companhia dos amigos. E se ainda pretendo persistir, é porque conto com eles. Se a arte é essência em mim, tenho a certeza de que minha arte me faz mais amigo de meus amigos. E revela tanto de mim... Tenho incluído a poesia com tanta tranquilidade em meu cotidiano que às vezes esqueço que ela, a poesia, também é palavra extraordinária. Perdoem-me os amigos a quem nem sempre avisei: a banalidade que ora ou outra eu pronunciava era extraordinária!
Palco é lugar extraordinário. Arte é expressão extraordinária. O projeto Palavra existe porque percebi em sua estrutura a fenda extraordinária da linguagem na Cibercultura, uma poesia latente. E se o projeto se consolida, é porque existem amigos extraordinários que percebem toda sua beleza, sempre latente.
Ordinariamente, mais uma vez, pelo colorido e pela companhia, obrigado!
Eros Trovador
Fevereiro de 2010