Esse movimento de gravar o álbum foi algo que mexeu comigo. Muito. Só percebi do que de fato se tratava perto do fim do processo. Música de Sarau é uma escolha, pela música, pela poesia, pela produção cultural. 

Sonoramente, só compreendi mesmo o resultado final do álbum agora, há alguns minutos... Até chegar às versões definitivas, foram mais de 100 horas de gravação, 41 versões de mix e mais 38 versões de master. Chega uma hora que é preciso impor um ponto de corte. E foi esse que apresentamos a público. 

Agora entendi o que é Música de Sarau. Sentei para escrever esse texto, tentando descrever o álbum, e nasceu a poesia. Bom sinal. Para mim, geralmente, poesia é sinônimo de síntese! 

DO QUE É

é música bruta
o caroço
da fruta

é verso direto
pensamento abstrato
bem longe
do concreto

árvores
pássaros
sons 
- e assovios - 

é saudar
antes de encontrar
é encontro poético
sentimentos, por vezes
patéticos

é vontade genuína
de ser
sem mais

juntos

é cercar-se
de verdade
de poesia

é a lua
o vento
o desconhecido
como companhia

OS NÓS DA REDE NO SARAU VIRTUAL

O Álbum Palavra (albumpalavra.com.br), já em 2008, anunciava o sentido interativo e colaborativo que marca agora o lançamento do Música de Sarau, álbum musical, cd, show e blog que nascem dentro do Álbum Palavra. 

De fato, chegou um momento que não demorou tanto, que a interação dentro dessa proposta poética tomou forma mais visível: com a seção Sarau Virtual, onde vários artistas colaboraram com o álbum virtual publicando seus textos, identificando os hiperlinks e os sentidos entre seus textos e os demais que compõem, hipertextualmente, o Álbum Palavra. 

Agora, para o lançamento virtual do Música de Sarau, convidei alguns amigos que têm dialogado comigo nos últimos anos a partir dessa proposta a fazerem sua leitura da compilação final do repertório musical do projeto artístico. Por um lado, isso responde a uma carência do artista aqui em querer saber das impressões provocadas pelas músicas. Por outro lado, isso é sinal do carinho desses amigos que estão dispostos a divulgarem esse trabalho em seus blogs a partir da sua leitura crítica e poética.

Assim, nos próximos dias, reblogaremos aqui os posts de
Múcio Góes - traversuras.blogspot.com.br 
Kríscia Medeiros - tapensandooque.wordpress.com
Paulo Coutinho - revolucaodosindigos.wordpress.com
Flá Perez - tudoqpuderbyblabla.blogspot.com.br
Bethânia Etoro - domeuagora.blogspot.com.br
Vinícius Borba - viniciusborbablog.blogspot.com.br
e Diego de Paula - atitudebrasil.com.br/10porhora
 

Esse é um ponto de partida para o desejo que essa interação continue agora, ao som de Música de Sarau! Se você, blogueiro, quiser integrar essa nossa blogagem coletiva a partir do Mùsica de Sarau, faça sua crítica-post e entre em contato que reblogaremos aqui. Agradeço o apoio e tenho todo o interesse em conhecer sua percepção. 

COMO NASCE A MÚSICA DE SARAU

PALACOLETIVA #6 - Planaltina (foto: Alexandra Martins)

Ainda criança, os colegas da escola descobriram textos que registravam minhas viagens durante as aulas. Os colegas disseram que era poesia. E foi aí que comecei a acreditar. Isso lá em Iporá, interior de Goiás, quando ainda não frequentava saraus.  

Enquanto isso, gastava meu tempo de adolescente cantando. Onde pudesse. Na escola, na igreja, em festivais. Foi nesse circuito que nasceu a amizade com Walquíria e Wívian Borges [que compõem o back vocal do álbum Música de Sarau]. Juntos, e com outros amigos da música, rodamos boa parte do interior de Goiás procurando algum palco para cantar. 

Continuei escrevendo. Até que, já em Brasília, após ganhar de presente um violão e aprender três acordes, fiz a primeira música. De lá para cá, continuei escrevendo, compondo. Os acordes continuam sendo praticamente os mesmos três. Mas o número de canções cresceu consideravelmente... Da mesma forma que cresceu uma inquietação em produzir essas músicas. 

No meio dessa inquietação, tive a boa sorte de conhecer amigos preciosos, com os quais fui somando criatividade. Na faculdade, conheci Renato Moll [VJ e produtor visual do projeto e compositor de O Mundo dos Pirulitos de Coração]. No trabalho, conheci Guto Freita [com quem compus Sotaque] e Érick Velozo [DJ do projeto]. Um dia, descobrimos o estúdio de Wladimir Barros [baixista do álbum]. 

Juntos, em 2008, construímos o Álbum Palavra. No site, poesias, músicas, hiperlinks e sentidos foram compondo o espaço onde desenvolvemos o repertório musical que agora recebe o nome de Música de Sarau. 

De todo esse movimento, nasceu o Coletivo Palavra, associação civil que hoje produz, além do Álbum Palavra, cerca de outros dez projetos culturais. Por meio do Coletivo Palavra conheci Rodrigo Moll. E pensando no Coletivo Palavra, convidei um grande amigo para somar forças ao projeto, Paulo de Tarço. Hoje, os três dividimos a produção executiva do Música de Sarau e realizamos uma gestão colegiada da associação.

Se hoje conseguimos oferecer ao público o primeiro álbum musical produzido pelo Coletivo Palavra, foi devido à entrega de muitos colaboradores, parceiros, pessoas que amam pessoas e a arte. Nesse caminho de profissionalização, conhecemos Leandro Morais [violonista do Música de Sarau] e Lucas Barros [percussionista do álbum]. Numa investigação incansável, Lucas, Leandro, Wladi e eu dividimos a produção musical do álbum, que só vem a público porque também contou com o talento e dedicação de André Bassani [consultor de TI], Rodrigo Rocha [desenvolvedor web] e Pedro Boeshat [engenheiro de som responsável pela mixagem e masterização do álbum]. 

É esse espírito fluido de colaboração que traduz o estilo de Música de Sarau. No álbum, cabem vários sentidos. Vários ritmos. Várias palavras.